Pesquisa UFMA analisa as relações sociais do emigrante nordestino para outras regiões brasileiras
Segundo dados do IBGE, O grupo de maior peso no contingente de emigrantes brasileiros foi o de nordestinos, com 53,8% pelo qual a região Sudeste, destacando-se São Paulo e Rio de Janeiro, continua a ser o maior pólo de atração dos emigrantes nordestinos. No Maranhão, o município de Timbiras tem se destacado pela grande demanda de trabalhadores migrantes em plantações de cana-de-açúcar. Eles vão para outros estados em busca de melhores condições de vida para si e sua família.
A cientista social Karlene Carvalho Marinho, em “VIAGEM TODA SEXTA: análise do processo de intermediação do deslocamento de trabalhadores migrantes de Timbiras-MA para a lavoura canavieira do sudeste brasileiro”, dissertação de Mestrado em Ciências Sociais, que visa explanar as nuances da migração nordestina na região de Timbiras e os efeitos que isto causa na vida desses trabalhadores.
Karlene Carvalho enfatiza que as conseqüências dessa migração não afeta somente o lado profissional deste trabalhador, mas também o lado pessoal. “Em torno do êxodo desse trabalhador, muitas relações vão se formando ou se desestruturando. Em alguns casos, primeiro vai o chefe da família para cidades grandes como São Paulo, por exemplo, e de lá fica enviando o dinheiro que recebe com o trabalho, se estabiliza e leva depois toda a família. Mas em outros casos também, o homem vai e forma outra família, quebrando a aliança com a família anterior. Existem as duas faces destas relações”, ressalta.
A inserção destes estudos tiveram início com a participação da estudante na pesquisa inicial “Migrações dos trabalhadores do Maranhão e Piauí para o trabalho na lavoura canavieira de São Paulo e Rio de Janeiro”, que teve parceria da Universidade Federal do Piauí (UFPI),UFMA, Universidade de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).” Nós tivemos o apoio de duas instituições, Comissão Pastoral da Terra e Pastoral do Migrante, e tinha como objetivo perceber o mundo do trabalho agrícola e dos fluxos dos trabalhadores rurais temporários no Nordeste, principalmente dos estados do Piauí e do Maranhão que têm os maiores índices de exportação de mão-de-obra para outros estados, inclusive para o trabalho escravo na agricultura”, explica a pesquisadora.
Para uma análise aprofundada do tema, os trabalhos foram realizados em duas etapas: a primeira, com aplicação de questionários, em que consiste na aproximação com a população dos bairros de Santarém e São Raimundo, e no segundo momento nos bairros de São Sebastião, Anjo da Guarda, Mutirão e Forquilha. “A partir dos resultados dos questionários, foi identificado que 45,06% das pessoas migraram através de contatos de familiares e de amigos, e que apenas 8,5% informaram terem sido mobilizados através de empreiteiros, o que indica que no município de Timbiras, a influencia da família ainda tem um papel primordial para tomada de decisões, nestes casos de migração”, comenta Carvalho.
Karlene diz que a maioria dos trabalhadores de cana que procuram o êxodo para os canaviais do sudeste são jovens com baixa escolaridade e as condições de trabalho são precárias. “A locomoção desses trabalhadores é precária, em ônibus com péssima infra-estrutura, mas mesmo assim cria-se uma cultura em que rapazes jovens vêem na lavoura canavieira uma forma de subsistência e também porque os pais, e os tios também o fazem. E para isso, o tipo físico é importante para agüentar a jornada de trabalho”, finaliza.
Perfil do Pesquisador
Karlene Carvalho Marinho possui graduação e mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Maranhão, Especialista em Psicopedagogia pela Faculdade Santa Fé, Atualmente é professora substituta na Universidade Estadual do Maranhão através do programa Darcy Ribeiro.
Lugar: Campus Bacanga/UFMA
Fonte: Marina Farias/Ascom PPPG
Coisas que acontecem num certo país infeliz.
Há 3 semanas
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