sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Itapecurú agoniza pelo interior do Maranhão


Até o início do século XX, de São Luís à Caxias, principalmente, muitos barcos a vapor navegaram pelas águas do Itapeucurú. Um deles, “O MARANHENSE” terminou sua história num naufrágio no porto da Gameleira, território de Codó.
Seu João Custódio Bezerra, dono de um quiosque à beira do rio (lado da trizidela)  não alcançou a época, mas ainda usou o rio para fazer sua produção rural chegar à cidade.
 “Eu trazia arroz, eu trazia a farinha, trazia carvão, eu era um grande fazedor de carvão, agora de ano a ano…TUDO PELO RIO? Pelo rio…HOJE DÁ PRA FAZER ISSO? Dá não, POR QUÊ? Por que não tem o barco e o rio ta seco”, contou o aposentado
O GIGANTE
Sem a navegabilidade de outrora, o Itapecuru segue seu curso de  1.050 kms, ostentando bravamente o título de maior rio do Maranhão. Sua bacia abrange algo em torno de 52 municípios e beneficia quase 3 milhões de pessoas.
Em algumas cidades é a principal fonte de água potável, a exemplo do que ocorre em Timbiras ( 25 mil ligações)  no leste do Estado e na capital São Luís (75% da cidade bebem do rio).
Do município de Mirador, sua nascente, à baia de São José, no golfo maranhense, onde deságua o Itapecuru atualmente só enfrenta dificuldades. As cidades que ele banha e alimenta com suas águas não o respeitam como deveriam, pelo contrário só aceleram seu desaparecimento.
VAZANTEIROS
O lavrador vítima do êxodo rural achou nas vazantes da cidade uma forma de manter-se vivo. São elas que tomam o lugar das matas ciliares hoje. Em troca de 300 quiabos por semana, Valdeni Vieira abandonou qualquer possibilidade de parar com esta plantação na área da Prainha, em Codó. A única chance seria se todos acabassem com as vazantes.
 “SE NINGUÉM PARAR O Sr. CONTINUA? Continuo porque eu vivo daqui também, né, tiro meu sustento, da minha família…não dá pra parar”, respondeu o vazanteiro
São raras as ações de proteção nos municípios, não há fiscalização ambiental efetiva e por conta disso é livre o derramamento de esgoto sem tratamento no leito e o entendimento de que é no rio que se joga qualquer tipo de lixo.
Na cidade de Codó, a prática da extração de areia é tida como algo benéfico diante de outro mal que é o assoreamento.
 “QUANTO TEMPO EXTRAINDO AREIA? 43 anos…SÉRIO? É, 43 anos…O SR. ACHA QUE ESTA ATIVIDADE TRAZ ALGUM PREJUÍZO PARA O RIO? Traz não, isso aqui num traz não. Num traz porque quando a gente chega com uma canoa dessa aqui, quando a gente sai quando a gente chega já ta certo…já tem areia de novo, respondeu seu Augustinho Pereira protegendo sua velha canoa da correnteza
SEM PEIXE
Só quem precisa da canoa para pescar pensa diferente. A idéia de proteção do jovem pescador Jesuilson de Jesus Sousa é mais forte.
 “Tem mais lugar que anda de pe do que acho que dentro de canoa…POR QUE ISSO ESTÁ ACONTECENDO? Isso está acontecendo devido o desmatamento, entulho que ta muito grande dentro d’água”, reclamou
E pescar desde o início da década de 80 deixou de ser coisa fácil para profissionais como seu Raimundo Delgado.  Quase 6 horas de trabalho e uma quantidade de peixes irrisória é mostrada por ele que  não acredita mais em  melhoras.
O rio ultimamente é muito desmatamento, cria erosão, entope o rio, o rio Itapecuru está se acabando …e o peixe diminui, acaba”, sustentou o pescador
SEM ESPERANÇA
Limpeza, fiscalização contra crimes ambientais no velho Itapecuru e uma mudança de comportamento de quem depende dele certamente ajudariam a mudar esta realidade, mas nada disso é certo quando o assunto é defender essas águas, apenas a pior da previsões.
Com certeza, se não conservar vai morrer tudo, tanto o rio como nós mesmo porque nós dependemos da água, né isso!?, questionou Raimundo de Freitas Carvalho, lavrador ribeirinho.

Portal Codó

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